Nesta série Observatório do Blues, vamos expor alguns dos maiores nomes do Blues e algumas curiosidades e expressões da cultura que envolve este estilo musical, em pinceladas rápidas e não necessariamente cronológicas.
Para ver os outros da série e ir acompanhando, basta clicar na tag (marcador) Observatório do Blues, ao final deste post.
Howlin' Wolf
Imagine um bluesman com 1,98 mts de altura mais de 130 quilos, e uma voz de trovão cuja potência era comparada na época ao barulho de máquinas industriais pesadas em Chicago.
A presença carismática do guitarrista, gaitista e vocalista Howling Wolf em palco tinha algo de arrebatador. Dizia-se que era capaz de incendiar platéias e aterrorizar seus contratantes, com performances vocais em alto volume apenas comparáveis ao que viemos conhecer como Hard-Rock ou Heavy Metal.
Dizia-se? Não é difícil constatar isto pelos videos facilmente encontrados no Youtube.
Howlin' Wolf nasceu e iniciou sua bem sucedida carreira no Mississippi, mas se mudou para Chicago em busca de uma carreira mais promissora dentro do Blues-Elétrico.
Não seria nenhuma surpresa se eu te dissesse que o cara foi não apenas um dos mais influentes bluesmen de sua geração (juntamente com seu "rival" Muddy Waters), mas também sem dúvidas uma das maiores referências vocais no surgimento do Rock'n'Roll.
Apesar de pouco conhecido dos brasileiros, não é difícil entender sua influência em tudo o que ouvimos de melhor do Rock, se considerarmos que ele era ídolo máximo de gente como Rolling Stones, The Doors, Led Zeppelin.
Foi contratado da Chess Records, e isto ajudou recentemente no aumento de sua popularidade entre os novos fãs de blues, graças à citação de seu nome em algumas cenas do filme Cadillac Records interpretado, sem a convicção necessária, por Eamonn Walker.
Na verdade, muitas das canções que conhecemos com bandas da melhor safra dos melhores anos do Rock são de fato regravações de músicas que ele gravou e eternizou.
E neste caso em especial, uma lista como a que encontramos no Wikipedia com as músicas de Howlin' Wolf regravadas por grandes bandas (que ainda é uma lista bastante vaga) poderá lhe dar um panorama maior, e abrir mais seus horizontes do que um texto de mil palavras.
Se liga na lista parcial, e comece a cavar seus MP3 pela net e pelos CDs dos amigos, para entrar no universo de Howling Wolf, com destaque para "Backdoor Man", re-eternizada por The Doors:
- Jeff Beck covered "I Ain't Superstitious" in his album "Truth".
- Megadeth also covered "I Ain't Superstitious" on their album Peace Sells... But Who's Buying? in the same form as Jeff Beck's version.
- "Little Baby" was covered by the Rolling Stones
- "Little Red Rooster" was covered by Sam Cooke in 1963, The Doors (which appears on their live album Alive, She Cried), and by The Rolling Stones in 1964, The Grateful Dead frequently included this song in live shows.
- Both The Yardbirds and The Animals covered "Smokestack Lightning" in 1964 and 1966 respectively.
- "Smokestack Lightning" served as the basis for The Kinks song "Last of the Steam Powered Trains" on their 1968 album The Kinks Are the Village Green Preservation Society.
- Led Zeppelin covered "Killing Floor" in 1968-69 concerts and used the song as the basis for "The Lemon Song" on Led Zeppelin II. "Smokestack Lightning" and "How Many More Years" served as partial blueprints for "How Many More Times" on their 1969 debut album.
- The Doors covered "Back Door Man" for their first, self titled album, The Doors
- The Jimi Hendrix Experience covered "Killing Floor" at a BBC Saturday Club radio session in 1967, a recording of which is available on their 1998 BBC Sessions compilation, and opened with it at the Monterey Pop Festival (also in 1967). This song also served as the first jam between Jimi Hendrix and Eric Clapton with the Cream when they first met at The Polytechnic in London in 1966.
- Cream also covered one of his songs on their double-album Wheels of Fire. (They also covered his song, "Spoonful", on their Fresh Cream debut album; an extended concert version appears on Wheels.) On the first (studio) disc, Cream covered "Sitting on Top of the World". This song has also been covered by Bob Dylan in the 1992 album Good as I been to you. Howlin' Wolf's own version was a cover of the 1930 classic original by the Mississippi Sheiks.
- Eric Clapton's subsequent band, Derek and the Dominos, included a cover of Wolf's "Evil" as part of a planned second album that was never completed before the quartet split up. "Evil" was one of the surviving tracks from that project that turned up on the Clapton box set, Crossroads, in 1988.
- Soundgarden covered "Smokestack Lightning" on their first album Ultramega OK.
- Stevie Ray Vaughan covered three Howlin' Wolf songs on his studio albums: "Tell Me" appears on Texas Flood; "You'll be mine" (written by Willie Dixon) on Soul to Soul and "Love Me Darlin'" on In Step. Vaughan also played "Shake for me" (written by W.Dixon) on the live album In the Beginning, even copying the original guitar solo, played by Hubert Sumlin and "I'm Leaving You (Commit a Crime)" can be found from Live-Alive album. Vaughan also covers the song "Tail Dragger" on a few live bootlegs.
- George Thorogood covered "Highway 49" and "Smokestack Lightning" on Born to be Bad in 1988. He also covered "Howlin' for My Baby" in 1993 on Haircut.
- On The Crossroads Guitar Festival DVD, "Killing Floor" was performed by Hubert Sumlin, Eric Clapton, Robert Cray and Jimmie Vaughan. It is quite possible that the guitar riff from the song was written by Sumlin.
- "Little Red Rooster" was covered by British alternative band The Jesus and Mary Chain on their Sound of Speed album
- Tom Waits has covered "Who's Been Talking?" several times during live performances.
- The Who often included a fragment of Smokestack Lightning in a medley with their cover of Johnny Kidd's Shakin' All Over. The "Smokestack Lightning" extract was edited out of the version of "Shakin' All Over" that appeared on the album Live At Leeds . . . but a medley of "Shakin'" with an extract from "Spoonful" turned up on The Who Live at the Isle of Wight.
- Peter Green's Fleetwood Mac cover "No Place To Go" on their 1968 debut album, Fleetwood Mac.
- Ten Years After cover "Spoonful" on their live 1968 album, Undead.
Aliás, a relação de Howlin' Wolf com o rock inglês é bastante clara. Pode-se encontrar facilmente na Internet o famoso video da TV inglesa em que Howlin' Wolf se apresenta como convidado dos Rolling Stones. Reza a lenda que os Rolling Stones tiveram de chantagear a TV, ameaçando não se apresentar caso não incluíssem a participação de Wolf.
A forma de cantar popularizada no Reino Unido por Mick Jagger nada mais é do que uma "homenagem" à forma como Howlin' Wolf cantava (basta ouvir as primeiras gravações dos Stones ao lado das de Wolf para não se ter mais dúvidas).
Em 1970, ainda a convite da Chess Records, Howlin' Wolf grava um álbum em Londres, o Howlin' Wolf's London Sessions, com uma banda formada por Eric Clapton, Steve Winwood, Ian Stewart, Bill Wymann, Charlie Watts.
Fora o aspecto musical, Howlin' Wolf se sobressaiu na cena Blues de sua época por ser um dos poucos que, apesar de cantar sobre a vida dura e pobre, soube administrar muito bem o dinheiro que ganhou, e sempre teve uma vida financeiramente estável, não se envolvendo com álcool e drogas, sendo um dos únicos artistas no gênero que podia manter uma banda contratada com os melhores músicos possíveis, com salário fixo e benefícios trabalhistas.
E como ele mesmo dizia, foi um dos poucos bluesmen nascidos no Mississippi que migrou para Chicago dirigindo seu próprio carro, e chegou por lá com uma boa quantia em dinheiro no bolso.
Morreu em 1976 após vários ataques cardíacos e problemas renais.
Com vocês, Backdoor Man, por Howlin' Wolf, em 1970, já sem o mesmo vigor da juventude e debilitado, mas ainda assim, emocionante:
Nenhum comentário:
Postar um comentário